
Género: Plataformas
Produtora: Ubisoft
Editora: Ubisoft
A industria dos videojogos passou por vários apogeus ao longo da sua história. Um deles esteve sem dúvida relacionado a adição do conceito de personagem a um videojogo. Começou com o Pac-Man da Namco e foi-se tornando um padrão cada vez mais comum e melhorado ao longo dos anos. Associar-se a uma personagem tornou-se quase obrigatório e essencial para as empresas não só de hardware (Como a Nintendo fez com o Mario e a Sega com o Sonic) mas também para as empresas de software com a cultura das mascotes. E é nesse ponto que queria tocar.
Quando falamos de Rayman sabemos logo que estamos também a falar da Ubisoft. Hoje a Ubisoft dispensa de apresentações com títulos na prateleira como Assassins Creed, Far Cry, uma panóplia de jogos da série Tom Clancy’s e mais recentemente o excelente Watch Dogs, sendo hoje uma das editoras mais conceituadas a nível internacional. Mas esta não era a realidade em 1995.
Com o objectivo de trazer mais notoriedade ao seu nome, a
Ubisoft aposta nos seus estúdios de Montplier que trabalhavam num jogo com o
nome de Rayman. Rayman era uma personagem carismática com potencial para
tornar-se no próximo grande nome no género das plataformas. E tal veio a
confirmar-se. Rayman estabeleceu o seu nome no mundo dos videojogos com um excelente
título de lançamento: Detentor de um visual brilhante, acompanhado de uma banda
sonora muito característica e uma dificuldade surpreendente para o jogo que
aparenta ser para crianças.
E foi a dificuldade do jogo que me espantou mais. Lembro-me
de em miúdo ter jogado uma versão pirateada de Rayman mas nunca lhe passei
muito cartão. Desta vez, a partir da 2ª zona (Band Lands) senti a dificuldade
em crescente, e as vidas a esvoaçarem-se que nem notas de 20 numa noite má no
casino… Posso dizer que depois de Megaman X3 este é jogo mais difícil que me passou pelas mãos.
Houve momentos em fiz vários continues, desisti, respirei fundo com calma e
voltei à carga largando um palavrão de alívio quando finalizava o nível.. O bosses parecem impossíveis (até o Youtube me ter provado do contrário), mas o
sapo mais difícil de engolir foi quando descobri que tinha de fazer 100% do
jogo para aceder ao último nível. Mas no fim das contas depois de muitas horas
e vidas perdidas o sentimento é de satisfação, e de admiração pelo jogo (coisa
que não aconteceu bem com Megaman X3).
Além de desafiante, Rayman é também um jogo com um visual
bastante artístico com um toque único no cenário dos videojogos. É um dos jogos
2D mais bonitos que já vi até hoje (desculpa Super Mario World), ainda para
mais sendo um jogo de 1995. Estamos a jogar literalmente num desenho animado.
Extremamente recheado de cores vivas, e bem definido a ponto de nem sequer se
distinguirem polígonos. Em consequência disso mesmo a velocidade e fluidez de
jogo poderia ser afectada mas ainda assim esse desempenho não é posto em causa
estando adequado ao jogo. Não é rápido como um Sonic mas também não seria esse
o objectivo. Os cenários mostram uma profundidade e animações que realçam o
salto diferencial de uma geração de 16 para 32 bits , tendo feito na altura as
maravilhas dos fãs de videojogos.
A banda sonora não lhe fica nada atrás. Neste departamento
também tentaram fazer alguma coisa de diferente e inovador, apostando muito em níveis com pouca música e mais som ambiente na base de efeitos sonoros variando com outros níveis acompanhados por faixas de alto calibre com muita influência
de Jazz, Funk, e fusão de ritmos latinos
com electrónica (curioso que o último Rayman Legends tem uma componente musical
fortissima). Considero Rayman muito experimental entrando por vias muito
diferentes do que é habitual ver nos videojogos.
Não tão diferente é a jogabilidade. Simples de saltar e
atacar inimigos, ou não fosse Rayman um jogo de plataformas. A novidade aqui
passaria (em 1995) pela evolução da personagem ao longo do jogo que iria
ganhando novos poderes aprofundando um pouco os movimentos base iniciais. Isto
irá permitir aceder a áreas em que inicialmente seria impossível, aumentando a
sua longevidade através do backtracking. Contudo não deixa de ser interessante
o tipo de abordagem que escolheram na época.
Não são muitos os níveis que temos para concluir mas alguns
deles até que são granditos. Aqui o grande problema como já disse anteriormente
está relacionado com a dificuldade que o jogador terá de defrontar ao longo dos
18 níveis de Rayman. Portanto não esperem por uma agradável tarde a jogar, e
finalizar o jogo a tempo de irem fazer o jantar. Será prudente gravar, ou
apontarem as passwords e respirar fundo cada vez que virem o relógio
despertador dos “continues”… Eu pessoalmente demorei uma semana a conseguir
concluí-lo.
Gráficos: 9.0 (Dos gráficos 2D mais bonitos que já vi. E são de 1995!)
Jogabilidade: 7.0 (Cativante o suficiente, sem ser inovadora.
Mas é das mais desafiantes que já tive de enfrentar. Não, não é para crianças.)
Som: 7.5 (A experiência de fusão de estilo musicais poderá
não agradar a todos, mas ajudam bastante a desanuviar principalmente depois de
vermos umas dezenas de vidas a irem para o galheiro numa questão de minutos)
Longevidade: 8.5 (Nem muito grande, nem demasiado curto.
Acaba por ter o tamanho suficiente para querermos a voltar a jogá-lo no futuro.
O desafio certamente que perdurá e os duros vão querer voltar)