Deixa-me lá ver se encontro...

12.3.11

Saga Frontier

Data De Lançamento: 31/03/1998 (EUA)
Género: RPG
Produtora: SquareSoft
Editora: SCEA









Este é o 1º RPG que estou a analisar. E começo desde já a fazer-vos uma comparação nunca antes feita. Vai ser uma coisa inédita, em grande, com destaque a nível internacional (isso gostava eu!). Então é assim, (preparados??...):

Este jogo quase se compara ao Ronaldo, o Fenómeno. Porquê? Porque se fosse um jogador de futebol, este jogo partia com a bola de antes do meio campo, fintava maliciosamente dois jogadores da equipa adversária, ganhava os ressaltos dos cortes, sofria faltas e cargas de ombro dos defesas desesperados sem nunca perder a bola, depois ainda dava um “mé” ao guarda-redes deixando-o para traz abismado, e sem ninguém a frente, completamente tranquilo, com 9 metros de baliza á disposição (é aqui que entra a parte do quase), atira por cima…

Confusos? Pois é, eu também estou um pouco, é normal, mas o que eu quero dizer com isto é que esta podia ser outra grande obra-prima da Squaresoft (já conhecida pela série de RPG’s Final Fantasy). Saga Frontier tecnicamente é um grande jogo e um excelente RPG, com muitas ideias novas e bastante funcionais, mas falha naquilo que é essencial num RPG: Carisma

Saga Frontier é um conjunto de histórias diferentes. Existem 7 personagens principais que mostram 7 histórias para explorar, algumas com finais alternativos. Não há muito mais a acrescentar por mais estranho que pareça, portanto,  passo directamente aos detalhes técnicos:

Gráficos: Bonitos, coloridos, simples e eficazes! Sem qualquer razão de queixa. Apesar de serem 2D, existem vários elementos a 3 dimensões durante o jogo (como algumas invocações em combates). À 1ª vista poderá parecer algo grosseiro, mas acabamos por nos habituar, e aceitar o contraste.
O desenho do jogo é um ponto forte que me agradou particularmente. Muito ao estilo dos animes japoneses, e com bastante diversidade. Souberam explorar muito bem o factor visual do jogo apostando no desenho limpo e simples, com cores muito vivas. A variedade de cenários, tanto em modo de jogo como em modo de combate ajuda a não tornar o jogo tão aborrecido.
Os menus do jogo também estão bastante apelativos e práticos. Os produtores tiveram o cuidado não colocar informação excessiva nos menus, de forma a que qualquer jogador possa fazer uma leitura rápida e fácil ao ponto de situação suas personagens. Qualquer pessoa irá adaptar-se rapidamente a este menu sem ter um ataque de epilepsia.

Jogabilidade: 1º; Existem 4 tipos de raças no jogo (Humanos, Monstros, Robôs, e Místicos) e cada uma tem características diferentes e formas diferentes de evoluir. Os humanos evoluem pelo seu status combate após combate, os monstros absorvem habilidades e modificam de forma consoante o monstro que absorveram em combate, os robôs recebem energia e novos upgrades através de robôs inimigos, e os místicos evoluem da mesma forma que os humanos com a diferença de poderem absorver até 4 habilidades de inimigos em combate.


Outro dado curioso é que a evolução das personagens não é feita por níveis, mas apenas pelo crescimento individual do seu status. Saga Frontier dá-nos a liberdade de podermos escolher a classe (se mágico, se Espadachim, se Lutador, etc…) que queremos atribuir a cada personagem (apesar de existir uma vocação inicial em cada personagem), e à medida que combatemos utilizando a classe escolhida, evoluímos o status em prol da mesma.
Agora as classes. As classes apenas podem ser utilizadas pelos Humanos e Místicos, e é possível usufruir de mais do que uma ao mesmo tempo (se tiverem paciência para…). Existem 4 classes disponíveis: Lutador, Espadachim, Pistoleiro e Mágico. Bem, quanto ao Lutador, Espadachim, e Pistoleiro não há muito a dizer. Um usa luta corpo-a-corpo, outro é mais habilidoso com espadas e outro com armas, o mágico já é algo bastante diferente. Existem 8 tipos de magia (hirra!!) cada uma bem diferente da outra e com feitiços, que muito honestamente, nunca vi em nenhum outro RPG.

A evolução das classes consiste na utilização massiva das mesmas, o que quer dizer que quanto mais movimentos usarem de determinada classe usarem, mais rapidamente se tornam mestres dela e aprendem movimentos mais fortes. Para isso também é preciso variarem nos movimentos e não utilizar apenas o mais forte ou que gasta menos energia. Outro ponto único de Saga Frontier é aprende-se movimentos novos enquanto se combate (mas apenas se forem Lutadores ou Espadachims . A certa altura quando atacamos o inimigo, a nossa personagem aprende um movimento novo na altura, e por isso mesmo é que de variar nos tipos de ataque, para desbloquear uma maior quantidade de truques novos. Com as outras classes acontece o mesmo, com a diferença que só se ganha a nova habilidade após o combate.

Algo que achei muito positivo em relação a este jogo foi de que podemos evitar combates desnecessários. Na maioria dos RPGs dentro deste género os combates com inimigos são aleatórios e não temos como evita-lo, no então em Saga Frontier podemos desviarmos-nos dos combates que acharmos desnecessários (apesar de ser preciso alguma prática e perícia para isso).

Falando em combates, o sistema de batalha suporta até 5 personagens por grupo (podem ser construídos até 3 grupos, dando um total de 15 personagens no máximo).Este sistema de combate é igual ao típico RPG por turnos. Isso que terá que se sujeitar a não ter os fins-de-semana para si. Nah! (Nah?? Vamos lá ver..!)  Não é nada por essa razão que se chama assim. RPG por turnos significa que selecciona-se 1º o ataque ou a sequência de ataques, e após isso dá-se início ao turno de combate. E neste jogo existe a possibilidade de fazer várias combinações de ataque, algo pouco comum nestes jogos mas extremamente inteligente. Existem dezenas de combinações possíveis, misturando todos os tipos de ataque das várias classes do jogo.

O equipamento é um pouco limitado. Apercebemo-nos disso a partir da 3ª personagem principal. De início é algo que nos parece eternamente diversificado, mas depois ficamos desiludidos, ao vermos que estamos limitados áquele género de equipamento. Resume-se a muito de pouco e á excessiva inutilidade de uma boa parte dos equipamentos. Existem poucas armas e protecções ao mesmo tempo que existem excessivos acessórios desnecessários, e acabamos por ir buscar sempre as mesmas coisas aos mesmos sítios á medida que completamos as personagens.

Som: Excelente! Ritmos alegres nas alturas alegres, e mais escuros em alturas complicadas. A sonoridade está completamente adaptada a cada fase do jogo, com nadas sonoras espectaculares nos bosses. Há que relembrar que são 7 personagens diferentes, e cada uma tem o seu toque pessoal na música. Talvez haja quem não goste dos sons midi que fazem lembrar um pouco a geração de consolas anterior, mas que se lixe! Aquilo deu muito trabalho a quem o fez, e está brilhante, diga-se de passagem. É normal haver algum desgaste lá mais para o final do jogo, mas após muitas, muitas dezenas de horas

Longevidade: O total das 7 histórias deverá levar-vos entre 40 a 60 horas da vossa vida, tudo depende da vossa capacidade de inserção do jogo. Há histórias mais compridas que outras, e o nível de dificuldade também difere muito entre elas.
Mas o problema em Saga Frontier é que não é cativante o suficiente para perder tantas horas de jogo, pois este é muito pobre em argumento, além de extremamente infantil e básico para uma dificuldade tão elevada e mecanismos complexos. É o típico RPG japonês clássico, o que nada justifica tanta imaturidade, principalmente numa consola destas, onde é possível elevar os jogos para outro patamar.
Além disso à medida que forem jogando e passando as personagens, notarão que o argumento é curtíssimo. Para terem uma ideia em 7 horas de jogo, terão à volta de 5-6 minutos de história. Característica que é geral em todas as personagens.
O mais positivo no meio disto é que cada história nos levará por caminhos bem diferentes da personagem anterior, o que obriga a explorar o mundo em Saga Frontier.

Portanto, temos excelentes gráficos, óptima jogabilidade, sonoridade acima da média, e um péssimo argumento. Esta situação nem seria tão desvantajosa se tivéssemos a falar de um jogo de plataformas, ou de acção, ou de corridas (corridas tem argumento??!hãhmm??), mas trata-se de um RPG que passa de mau a gravíssimo.
Isto porquê? Porque um RPG (Rol Playing Game para quem não sabe) é um jogo tradicionalmente longo, porque evolve uma evolução de características de personagens. E a ideia só se torna realmente engraçada, quando há uma história por traz que justifique tanto tempo de jogo, só assim fará sentido. Este é o conceito que popularizou este género de jogo no Japão e EUA. Portanto, remate por cima da barra depois de um show de bola dá direito a apupos.

Curiosos pela pontuação?


Gráficos: 8.0 (muito bons, perfeitos para este jogo)

Jogabilidade: 9.5 (surpresas atrás de surpresas, com mais 2 ou 3 surpresas de génio em cima)

Som: 9.0 (os seus pés vão falar por si enquanto joga)

Longevidade 4.5 (Lá grande isso é, mas de grande pouco ou nada tem)

Nota Final: 6.5 (Uma nota lamentável para o que poderia ser um dos melhores RPG’s da Playstation)

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