Género: RPG
Produtora: Sacnoth
Editora: Infogrames
Ora aqui está um jogo que não aparece todos os dias. Antes de jogar fui investigar um pouco sobre este jogo, e das primeiras imagens que vi, suou-me logo a Resident Evil. Opáh, nem quis saber de mais, para não me estragar o elemento surpresa, só queria era jogar Koudelka.
Assim que começo, vejo umas sequências FMV algo de fenomenais com uma qualidade de som fora do normal… mas eis que o jogo começa logo com uma batalha. E qual o meu espanto quando me deparo com um RPG…
Portanto, se recentemente ao analisar Tombi! Disse-vos que era um jogo de plataformas com elementos RPG, aqui digo que é o RPG com elementos de Survival Horror. E essa mistura funcionou? Bem vamos lá ver se…
Koudelka passa-se nos últimos anos do século XIX, e conta a história de uma médium (com o nome de Koudelka) que é chamada por uma presença até um mosteiro antigo no País de Gales. Assim que entra sorrateiramente dentro do mosteiro, Koudelka depara-se com um jovem caçador de tesouros enfraquecido (Edward), que foi atacado por monstros que vagueiam pelo sítio. Mais tarde encontram também um padre (James) que foi enviado pelo Vaticano numa missão secreta em que (de início) pouco se sabe dela. Portanto muitas perguntas vão sendo feitas enquanto prosseguimos no jogo, criando uma boa trama e mistério como incentivo. E visto que esta história se passa no final do século XIX, em 1898 (uma altura onde a idade média é um presente não muito distante e o progresso científico disparou exponencialmente) temos a promessa de um grande enredo, e sequências FMV estonteantes, portanto, isto promete para já…
Gráficos: Já vos falei das cenas em Full Motion Video? Posso mesmo dizer que tem uma qualidade brutal, dos melhores que apareceram na PSX até à data. Isto é uma surpresa vindo de um estúdio pequeno, a Sacnoth. Estão muito boas estas imagens de FMV, de fazer inveja a muitos bons jogos que por ai andam. Agora os gráficos do jogo em si, não se pode dizer que estejam perfeitos. Como já disse, as primeiras imagens que vi pareciam retiradas de RE, e é mesmo isso que Koudelka aparenta graficamente. Só que não tem a qualidade suficiente do mesmo, nem é RE. Os cenários estão bem desenhados, apesar de não terem tantos pormenores, mas é um jogo muito sujo e muito escuro. É verdade que a época em que se passa o jogo não era a mais iluminada, nem o tipo de jogo exija muita cor e luz, mas isso não significa que não pudessem fazer cenários mais variados e extensos, com mais variedade como em RE.
As personagens também estão razoavelmente boas apesar de ficar um pouco aquém daquilo que podia ser feito, mas ganham pelas animações no movimento. Achei o movimento das personagens bastante bom. A forma como se movem, e gesticulam bastante real, principalmente nas cutscenes (sem ser FMV). Não parecem robots ao mexerem-se, nem fazem movimentos quadrados e descoordenados com a cena a decorrer. Foram animações muito bem estruturadas desde início.
Os cenários em batalha é que são bastante pobres. Basicamente existe um chão e paredes escuras sem nada à volta, mais os intervenientes em batalha. Isto poderá ser bastante desagradável para alguns jogadores, principalmente os que quiserem explorar a vertente RPG de Koudelka. Os inimigos (a maioria) também foram mal desenhados, proporcionando um contraste um pouco desagradável de se ver, tendo em conta que o resto do jogo está com uma qualidade razoavelmente boa.
Jogabilidade: Koudelka é um RPG por turnos como em Final Fantasy, ou Saga Frontier por exemplo, e tem um sistema de combate muito simples. Cada cenário de combate apresenta-se como uma espécie de tabuleiro de xadrez, onde podemos mover as personagens para diferentes posições. Isto permite criar uma estratégia de combate consoante as armas que temos e os inimigos que encontramos. Por exemplo: se tiver mais perto do inimigo o meu ataque é mais forte (com excepção ás armas de longo alcance) mas também sofro mais dano, mas o inimigo também não pode avançar mais que a posição da personagem mais adiante.
Koudelka é algo limitado se falarmos de armas e feitiços. Existem armas de longo alcance (pistolas, espingardas, etc…) curto alcance (punhais, machados, espadas…) e alguns feitiços. As armas de longo alcance têm munições limitadas, e curto alcance também sofrem desgaste do seu uso, portanto têm de ser poupadinhos e inteligentes na gestão de recursos (itens curativos também contam na lista pessoal!). À medida que utilizamos cada forma de ataque evoluímos o nível do mesmo, por isso não convém fugir muito do esquema de ataque que escolhermos inicialmente. Falando ainda em evolução, a cada nível que uma personagem sobe podemos atribuir 4 pontos em 8 atributos à escolha nas personagens. Desta forma podemos definir o papel combatente a desenrolar por cada personagem como entendermos (se apostamos na força, agilidade, magia etc…).
Mas para ser sincero, eu achei que o jogo tinha meios suficientes para não nos aborrecermos, porque Koudelka também tem a vertente de Survival Horror ao estilo de RE, e portanto também vem com puzzles para resolver à mistura e mistérios para desvendar (apesar de ser bastante fraco em side-quests).
Som: Este é o que eu considero o ponto mais forte do jogo. Além de graficamente terem conseguido criar um ambiente fantasmagórico bestial, os efeitos sonoros do mesmo ficaram ainda melhores. O ranger da madeira, o vento repentino, uma porta a bater acompanha-nos durante todo o jogo. Mas não é este o motivo pelo qual digo que este é o ponto mais forte. Todas as sequências cinematográficas (tanto FMV com cutscenes) são acompanhadas por um voice-acting muito bem produzido, e extremamente coordenado também. Este pormenor é de extrema importância. Por esta altura a industria deste ramo começa a dar pequenos passos em direcção aos jogos cinematográficos. Começa a perceber que é necessário criar um argumento plausível em redor de um jogo para que seja mais facilmente aceite pelos jogadores. E considero que Koudelka foi um bom contributo nesse aspecto. Ao longo de todo o jogo também somos acompanhados por uma excelente banda sonora que varia entre melodias celtas e arcaicas, condizendo perfeitamente com a época e espaço da acção do jogo.
Longevidade: Koudelka vem com 4 CD’s, mas isso não quer dizer que seja extremamente longo. Na verdade é bastante curto para um RPG. Mas Koudelka falha um pouco por uma simples questão. Carece bastante de side-quests… poderia ter várias pontas soltas ao longo da história para serem resolvidas opcionalmente. Isto serve de incentivo a que um jogador volte a pegar no jogo uma 2ª vez, pelo menos, e o jogue de uma maneira diferente proporcionando ainda a sensação de descoberta ao jogar novamente. Existe apenas um boss opcional e 3 finais diferentes, um deles extremamente frustrante, e poderão ficar muito desiludidos por não perceberem o que falhou. Além disso se apostar forte na evolução das personagens poderá sentir o lado repetitivo de Koudelka, visto que carece em variedade de inimigos, e o aspecto do combate é um pouco simplório e vazio. Portanto contem com umas 10 – 12 horas de jogo, já com o boss opcional. Ainda assim são uma dúzia de horas agradáveis de jogar.
Quem desconhece Koudelka foi o 1º jogo a ser produzido pela Sacnoth, e teve duras criticas e pontuações medíocres, pelos media do ramo. Muito honestamente penso que isso tenha sido injusto. Não que Koudelka seja um jogo fora de série, mas na minha opinião foi um jogo interessante de jogar e até é razoavelmente bom. E se tivermos em conta que foi a 1ª experiência deste estúdio é algo que deveria de ser louvado, principalmente pela qualidade sonora deste jogo, uma autêntica lição a muitos jogos que andam por aí. Koudelka ganha na trama e no aspecto gráfico, e perde na falta de conteúdo e na repetição. Poderá ganhar, ou perder também, por ser um jogo incomum, misturando dois géneros de jogo diferentes. Pessoalmente, eu gostei muito, outros talvez não… mas vamos ao veredicto:
Gráficos: 7.5 (Excelentes FMV, personagens principais e cenários razoáveis, mas mal trabalhado quanto a cenários de combate e inimigos)
Jogabilidade: 7.0 (Sistema de combate simples, mas nada de novo. Ganha pelos puzzles e pelas armas.)
Som: 9.0 (Pouco falha neste departamento, um exemplo perfeito de quem sabe trabalhar nesta área)
Longevidade: 7.0 (Uma boa experiência mas carece de side-quests para prolongar o tempo de jogo ou voltar a pegar em Koudelka)
Nota Final: 7.5 (Koudelka sai das minhas mãos com boas impressões, foi um jogo em nada chato de jogar ao contrário das criticas feitas pelas revistas, da parte… aconselho vivamente a jogarem Koudelka)
Eu amei esse jogo, principalmente porque foi o primeiro RPG com gráficos mais reais, que se passava em nossa realidade com cenas em FMV com muito bonitas e com personagens falantes (que parecia ser pecado na época). Destaco o personagem que, antes de evocar um feitiço, faz o sinal da cruz. Muito dez! Se um dia eu puder, eu compro esse jogo de novo.
ReplyDeleteOi Daniel! foi um jogo que me deu muito gozo jogar! Foi um misto entre Resident Evil e Final Fantasy! Ainda bem que gostaste do jogo também, foi pena ter sido sub-avaliado por toda a imprensa internacional de videojogos. enfim... vai estando atento ao blog ;)
ReplyDelete