Deixa-me lá ver se encontro...

26.6.11

Guilty Gear ("The Missing Link")

Data de Lançamento: 31/10/98 (EUA) 13/05/2000 (EUR)
Género: Luta
Editora: Atlus (EUA) Studio 3 (EUR)
Produtora: Team Neo Blood (Futura Arc System Works)
Versões: PS1, PSN









Crítica Curta: Samurai Shodown + Estilo Moderno + Esteróides = Guilty Gear

Crítica Comprida: Alguma vez acharam que o Street Fighter tinha armas a menos? O Soul Calibur tem 3D a mais? O Samurai Shodown é muito lento para vocês? Se este é o vosso caso então já devem conhecer esta série de jogos de luta: Guilty Gear, a série que mistura jogo de luta 2D super rápido com estilo anime e musica Heavy Metal. Mas será que esta primeira versão vale a pena? A ver vamos…


Mas isto é sobre o quê?

Justice - Líder dos Gears
História/Conceito: História? Num jogo de luta? Quem quer saber? Ao que eu responderia afirmativamente na maioria dos casos… mas este é uma excepção. Continuem a ler e eu explico. O ano é 2070 (aprox.), a humanidade acabara de descobrir uma fonte de energia inesgotável à que chamaram Magia (que original). Mesmo sendo a solução perfeita à crise energética, desencadeou muitas guerras. Como forma de utilizar a Magia em combate, humanos e outras criaturas combinados com o poder da Magia deram origem aos Bio-Cyborgues conhecidos como Gears. Eventualmente, os Gears revoltam-se contra a humanidade, desencadeando uma Guerra de 100 anos conhecida como “The Crusades”(Isto soa-me familiar). No final da Guerra, a “Sacred Order of Holy Knights” derrota Justice (a líder dos Gears) aprisionando-a noutra dimensão. Assim que Justice desaparece, os outros Gears deixam de funcionar… ou assim parecia.

5 anos após o fim da Guerra, um Gear auto-denominado Testament anuncia o seu plano de reviver Justice e eliminar a raça humana. Temendo isto, as Nações Unidas iniciam um torneio de combate de forma a encontrar lutadores que possam derrotar o Testament e impedir que Justice reapareça. Como prémio o vencedor pode ter aquilo que quiser. 10 lutadores juntam-se ao torneio com motivos variados para o quererem ganhar… e é aqui que o jogo começa.

Pronto, pronto está bem, não é Shakespeare… mas para um jogo de luta até nem tá mau. O mundo é definido e faz com que o jogador se afeiçoe melhor à personagem (ou personagens) que prefere. O Grande problema é que toda a história que acabei de dar não está presente no jogo, ou seja, só através de uma leitura atenta do manual e pistas dadas nas sequelas é que podemos perceber a história por detrás deste 1º Guilty Gear… o que não é bom… mas também não é necessariamente mau.

Os personagens apresentados não são muitos mas são muito diferentes da norma, desde o herói loiro certinho com uma espada de trovão, passando por uma menina pirata que enverga uma âncora de barco, até a uma ex-assassina que usa o cabelo como arma. Originalidade de design não falta!

Como informação interessante, repare-se que muitos dos nomes dos personagens (e até golpes) são referências a músicas ou bandas de Rock e Heavy Metal, como por exemplo a personagem Axl Low (Axl Rose dos Guns & Roses), “Testament” é o nome de uma banda Trash Metal americana, até o golpe especial de Ky Kiske “Ride the Lightning” é o nome de um dos álbuns da banda Metallica. O conceito é original e as referências são bem pensadas e só tendem a melhorar com as sequelas.


Mas como se Joga?

Gameplay e Longevidade: Jogo de luta 2D-> 2 lutadores, 2 barras de vida, só um vencedor. Mas isto é o padrão de quase todos deste género. Em Guilty Gear utilizam-se os 4 botões principais do comando para os golpes normais: soco, pontapé, slash e slash forte. Como também é costume, combinações entre o movimento do d-pad e os botões criam golpes especiais ao estilo Hadouken, do Street Fighter. Cada personagem possui o seu reportório de golpes e, embora tenham golpes diferentes, muitos são executados da mesma forma mas com efeitos variados, ou seja, enquanto fazer um Hadouken com Ky Kiske resulta num projéctil aéreo, com Sol Badguy é uma onda de fogo de curto alcance que vai pelo solo. Um Shoryuken com Badguy resulta num soco de fogo aéreo, enquanto que May faz múltiplas cambalhotas aéreas que podem ser controladas com o d-pad. A ideia é que mesmo que os personagens e os golpes sejam diferentes, a maneira de os executar é muito semelhante, não sendo preciso muito treino caso queiram aprender a usar um novo lutador. Cada personagem tem também uma barra de Tension que se enche baseado no dano que o lutador sofre ou inflige. Quando cheia, é possível executar um golpe especial mais forte que drena a barra.

GAN FRAME!
Mas isto é tudo muito parecido com o Street Fighter, agora é que vêm as diferenças. Neste jogo, o combate aéreo é importante, por isso quase todos os personagens são ágeis e possuem grande controlo aéreo através de duplos-saltos e air-dashes (uma espécie de 2º salto na horizontal após o 1º, que se faz pressionando 2 vezes rápidamente em qualquer direcção do d-pad). Outra capacidade de todos os lutadores é o Dust Attack, um golpe lento que, se acertar, dispara o adversário para o ar dando a hipótese ao jogador de o perseguir e desencadear uma data de golpes difíceis de bloquear. Ainda mais outra das capacidades dos lutadores é o Chaos Break, a habilidade de aumentar a força e o tamanho de um dos golpes (normalmente os projécteis) através de um tempo de carregamento que varia dependendo do nível a que o queiram executar. Quando a barra de vida cai para metade, o nível de Chaos Break permanece o resto do Round, dificultando assim a vida ao adversário.

Isto é tudo muito giro, mas nada se compara ao golpe novo pela qual a série Guilty Gear é conhecida… o Instant Kill! Basicamente, um golpe que, se acertado, dá a vitória do combate automaticamente… basta pressionar soco e pontapé, o que faz com que o personagem dê um golpe rápido no adversário e o ecrã fique vermelho durante 2 segundos. Nesse instante, o atacante tem que fazer Hadouken com slash forte antes que o defensor carregue 2 vezes em qualquer direcção do d-pad. Se o atacante tiver sucesso, o combate acabou, independentemente de vida ou rounds. Qualquer jogador pode fazer este golpe o nº de vezes que quiser até haver um vencedor.

Conseguem perceber o que se passa aqui?
O combate deste jogo é frenético… e esse talvez seja o seu maior problema... O combate é frenético demais! Não há tempo de pensar no que se vai fazer a seguir nem qual a melhor posição que tomar, isto porque o tempo de espera entre acabar uma combo e começar outra é quase nulo e a movimentação é tanta que muitas vezes é difícil seguir o próprio personagem… quanto mais o adversário. Acaba por ser mais benéfico para o jogador metralhar num só botão repetidamente do que tentar combinações complicadas, combos que acabam por fazer tanto ou menos dano e dão mais abertas ao adversário. Outro ponto negativo são os Instant Kills, ou melhor, a maneira como se executam Instant Kills… é fácil demais. Se apanham o vosso adversário desprevenido o combate pode acabar num só golpe. Isto pode parecer muito giro para o que ganha mas quando estiverem quase a ganhar uma luta difícil, falta só um golpe, e de repente vos sacam uma Instant Kill que não estavam à espera… epá… só apetece partir o comando.

E ele prepara o Instant Kill

E já ganhou!









 

 

 


Em termos de modos de jogo… há Normal Mode (leia-se Arcade), 2Player Mode, Training e Sound Test… sim Sound Test… não Options, isto porque as Options reduzem-se a ouvir as músicas, decidir o tempo de combate e mudar os botões… não há escolha de dificuldade, nem nº de rounds, nem opções de treino, nem handicaps, nada. Um aspecto muito fraco deste jogo.

Nada de Especial...
Existem 10 personagens à partida e 3 desbloqueáveis, acessíveis através da forma como o jogador termina o Normal Mode. Dependendo da capacidade de cada um neste tipo de jogos e devido também à falta de escolha em termos de dificuldade, a tarefa de desbloquear os personagens extra pode ir de entre muito rápida a impossível. Em termos de comparação de personagens, é obvio que uns têm vantagem sobre outros, sendo a diferença de capacidade entre personagens notavelmente desnivelada… mesmo assim há piores e não é uma coisa que não se possa ultrapassar.



Então e tem bom aspecto?

Gráficos e Som: HEAVEN OR HELL? LET’S ROCK! Estilo anime, flashes luminosos, explosões, música Hard Rock e Heavy Metal, uma super dose de adrenalina é o que este jogo vos propõe. A sério, porque é que ninguém pensou em pôr Heavy Metal num jogo de luta antes? É o tipo de música perfeita para este tipo de jogos. Dá vontade de partir coisas. Que estado de espírito melhor para um jogo que é tão frenético como este? Os gráficos são detalhados e vibrantes… talvez detalhados e vibrantes demais (dejávu). Os desenhos dos personagens estão bem pormenorizados, embora isto provoque bastante pixelização (até parece que estão a implorar por melhor Hardware). Os efeitos dos golpes são coloridos e vistosos, embora por vezes estes provoquem um pouco de “slowdown”. Os cenários de combate são o costume do género e não incomodam. Alguns dos personagens têm um aspecto esquisito mas isso é por feitio e não defeito, por isso cada um terá a sua opinião. Em geral, os gráficos são bons (ainda que pixelizados) e a música é o ponto mais forte do jogo. De notar que algumas das músicas não voltam a aparecer nas sequelas (não que sejam más) e outras passam por alterações, por isso, uma das recomendações a jogarem esta versão, é a de ouvirem a 1ª banda sonora da série.


Que versão me recomendas?

Versões: A Americana (NTSC), se tiverem hipótese de a arranjar seja por download ou cópia física, por várias razões: Os jogos de luta são melhores no formato original (NTSC) que faz o jogo 17% mais rápido que a versão Europeia (PAL) quando esta não é tratada ou não tenha a opção de 60Hz (quase todos os jogos europeus até à PS2). Isto aplica-se a todos os jogos mas principalmente aos de luta.

Outra diferença entre as versões é o diálogo final e uma cutscene que são cortados completamente da versão europeia para todos os personagens (provavelmente por conter sangue mas não tenho a certeza).

Por outro lado… o facto de estar mais lento faz com que a versão PAL seja ligeiramente mais jogável que a Americana… mas isso não é desculpa!

Pontuação

História/Conceito: 8.0 (Vá lá, um futuro caótico, personagens interessantes e referências musicais... é fixe!)

Gameplay: 6.0 (Malditos Instant Kills!)

Longevidade: 3.0 (Acabei o Normal Mode… e agora? Alguém quer jogar comigo? Vá lá… eu prometo que não uso Instant Kills.)

Gráficos: 7.0 (Eram óptimos não fosse a pixelização e o ocasional slowdown)

Som: 9.0 (Melhor Estilo de Música para Fighters de Sempre!)

Nota Final: 6.5
(Não é mau, mas não conseguiu implementar bem muitas das novidades que queria introduzir ao género. Apenas recomendado aos fãs mais curiosos da série… se quiserem combate a sério, comecem pela sequela, o “Guilty Gear X”)

(Já agora, eu não me esqueci de falar dos Instant Kills pois não?)





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