Género: Acção/Aventura
Produtora: Heavy Iron Studios
Editora: THQ
Por cada Exorcista deveria existir um Estigma, por cada
Scream um Scary Movie, portanto, porque é que não pode existir uma alternativa
irónica aos semelhantes de Resident Evil? Afinal, as editoras, os produtores e
até os jogadores estão a levar os seus jogos demasiado a sério nos dias que
correm, não estão? É aqui que entra Evil Dead: Hail To The King, o primeiro
título PSX baseado num catálogo de terror irónico, que era pertença exclusiva
do celulóide até esta data. Os três filmes famosos foram realizados por Sam
Raimi e combina zombies sangrentos com comédia negra. Agora é a vez da
Playstation ser alvo das ironias chocantes de Evil Dead.
O jogador é Ash, o herói do filme, a quem Bruce Campbell, o
actor original, empresta a voz. Brandindo uma moto serra no lugar da sua mão
direita amputada, uma metralhadora na esquerda e um reportório de falas
estúpidas, abre caminho nas fileiras de zombies. Também há puzzles para
resolver, uma namorada para salvar e o Necronomicon, ou “O Livro dos Mortos”,
uma colecção de rituais antigos para recuperar. De facto, Hail To The King é
uma conversão de grande sucesso, captando muita da atmosfera e da sensação do
filme. Há bastantes mortos-vivos para atacar. Ash está equipado e, quando pede
a esqueletos fragilizados para “dizer olá aos anos 70” até é bastante
engraçado. A pontuação máxima para a Heaven Iron Studios, nesse domínio.
Infelizmente, uma conversão cinematográfica fiel é uma
coisa, fornecer um grande jogo é outra. Por isso, embora os produtores também
mereçam elogios por tentar um cruzamento entre a acção de espancar zombies de
Resident Evil com o estilo de aventura de Broken Sword, eles falharam no equilíbrio da jogabilidade, até ao ponto de ficar perto de arruinar toda a
experiência. Na primeira hora de jogo, dará por si enfurecido. À medida que
luta com o sistema de comando, ao qual falta notoriamente um comando de viragem
rápida, fica atolado pela aparente infindável investida de mortos-vivos
regenerados. Este elenco de espíritos maléficos despedaça a sua energia incessantemente,
até as gotas de sangue da sua moto serra se tornarem numa cascata e você ansiar
por uma pausa. Felizmente, os seus inimigos mortos largam cargas de
revitalização, de modo que pode recuperar a sua força antes da próxima vaga de
ataques. No conjunto, isto deixa pouco tempo para resolver os puzzles. As
próprias batalhas são extremamente repetitivas, uma vez que, impensadamente, o
jogador despedaça o crânio dos vampiros, dos monstros que vomitam projécteis,
dos esqueletos rodopiantes e de um exército de zombies. A repetitividade é
piorada pela horrível detecção de colisões, que ignora totalmente a trajectória
da sua serra ou da arma. Felizmente, se persistir, eventualmente detém a
corrente de inimigos e pode dedicar-se ao puzzles e martelar um ou dois dos
estranhos monstrengos. Contudo, mesmo os melhores momentos são manchados por câmaras fixas deficientemente localizadas e gráficos decepcionantes. Como no
infinitamente melhor Fear Effect, acaba por se pasmar com as reentrâncias dos
arbustos, pensando se poderá aceder ao caminho para o além ou até se existirá
uma outra saída.
No lado positivo, esta certeza encoraja-nos a explorar. Uma
boa vasculhada na cozinha vai revelar uma sanduíche mordida por pulgas, a qual
Ash parece estar feliz por mastigar apesar da sua idade, e uma boa busca nas
grelhas de um barbecue abandonado dão lhe uma gota de combustível que vai
tornar-se útil mais tarde. Esta conversão atmosféricamente fiel combina jogos
de puzzle incompletos com combate repetitivo. Mas , tal como a sanduíche
apodrecida, deverá ser evitada a menos que adorem realmente os filmes.
Gráficos: 6.0
(Personagens pesadas, cenários sombrios)
Jogabilidade: 4.0 (Puzzles complicados, desperdiçados pelas
constantes interrupções de combate.
Som: 8.0 (O melhor da atmosfera dos filmes perfeitamente
recriado no jogo)
Longevidade: 5.0 (Implacável e repetitiva)
Nota Final: 6.0 (Por vezes é divertido, outras enfurecedor.
Poderia ter sido bom. É pena.
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