Género: RPG
Produtora: Tri-Ace
Editora: Enix
Esta é aquela altura em que se desperta um misto de emoções dentro de mim. Sempre que me aparece um RPG japonês fico contente porque efectivamente sou um simpatizante do género mas também sei que isso vai ser sinónimo de perder cerca de 50 horas da minha vida num jogo. Por isso espero mesmo que valha mesmo a pena! Este é o risco de pegarmos num JRPG.
Star Ocean é um jogo que já vem de há mais tempo. A sua
primeira aparição remonta ao finais períodos da SNES e foi considerado um dos
melhores RPG’s dessa consola. Distinguia-se de outros pelo seu sistema de
batalhas e principalmente pela adição de discursos com voice acting que naquela
consola foi algo absolutamente espantoso. Por norma, RPG’s como estes não optam
por isso devido aos extensos diálogos entre personagens, além de também não ser
considerado essencial para a captação de interesse por parte do jogador (há
quem defenda até que a ausência de voice acting melhora a relação dos
sentimentos com a personagem) mas sem dúvida é um passo marcante que diferencia Star Ocean de outros RPG’s da sua época.
Visto que estamos a falar de um JRPG (JRPG é um RPG made in
Japão, e têm várias características em comum além de estarem vocacionados para
a cultura nipónica uns mais do que outros) é impossível não usarmos como
referência a série Final Fantasy. Mas apesar de em alguns pontos podermos
cruzar opiniões, são dois jogos bastante distintos. De qualquer maneira podemos
dizer que a Enix (que curiosamente mais tarde se fundiria com a Squaresoft formando a Square-Enix) pode estar
orgulhosa de ter voltado a apostar num RPG de referência, desta vez, na
Playstation.
Gráficos: Star Ocean: The Second Story não apresenta nada de
novo nem de excepcional na sua apresentação visual. Posso tirar alguns reparos
positivos nos efeitos usados nos combates e na agradável mistura entre o 2D e o
3D. Mas acontece que nos combates também é frequente existirem slowdowns nas
alturas de maior processamento de informação (quando existem muitos inimigos,
ou quando é usado um feitiço de grande envergadura), mas sinceramente não é
nada que estrague por completo a experiência de jogo. É muito comum também o
estilo mangá usado neste jogo. Não falo apenas nas sequências de filme que vão
surgindo ao longo da aventura (até porque são menos do que aquelas que gostaria
que fossem) mas sim em no estilo de expressividade das personagens. Passamos o
jogo todo a ver, as mesmas a usar balões com reticências, gotas gigantes de
perplexidade, pontos de exclamação, suor de aflição, etc… tudo o que existe no sentido de figurar emoções é usado em Star Ocean: The Second Story.
Não faço disso uma critica positiva ou negativa, apenas como uma característica
forte do jogo. Pessoalmente até gosto mas acredito que seja aborrecido para
quem não passe cartão a este tipo de iniciativa. Faço outro reparo ao facto de
ter desenhado todos os itens do jogo no menu. Cada item que passamos em vista
tem uma figura em três dimensões a assinalar o objecto em questão. Posso dizer que
são dezenas de figuras e é um pormenor que trás uma nova pitada de brilho e
sentido ao jogo ajudando jogadores mais inexperientes a identificar determinado
tipo de objectos.
Jogabilidade: Ok, esta foi a primeira surpresa do jogo. A minha santa ignorância dizia-me que dentro
dos RPG’s existiam apenas combates por turnos e Acção/RPG, sendo o primeiro o mais
comum no típico RPG nipónico onde são os combates que surgem automática e aleatoriamente O segundo sub-género é mais comum em RPG’s ocidentais como
Blood Omen ou Diablo e vamos derrotando inimigos à medida que estes nos surgem
pela frente. Bem, Star Ocean acaba por fazer um misto desses dois estilos, onde
a batalhas surgem aleatoriamente mas se executam na forma de acção em tempo
real, onde controlamos uma das personagens e predefinimos as estratégia de
combate das restantes, que lutarão a partir da Inteligência artificial do jogo.
E de facto este esquema de combate diferencia Star Ocean de outros RPG’s e leva
a forma de jogar a níveis completamente diferentes dos convencionais RPG’s. Mas
isto trás também o seus problemas e bugs. Nem sempre a estratégia definida
corresponde à expectativa do combate. As personagens tendem em gastar o seu MP
como se não existisse amanhã e em três tempos ficamos sem MP para gastar e
temos de gastar mais dinheiro e perder mais tempo no level up das personagens.
Outra coisa que me aconteceu bastantes vezes foi andar a correr atrás dos
inimigos eternamente até que um dos dois se decidisse o que fazer. O problema é
que não é possível cancelar uma acção no entretanto e o mais provável nestes
casos é ou sermos atingidos por outro adversário ou então um dos nossos
companheiros acabar com o jogo da apanhada.
E como é comum em todos os bons RPG’s cada um tem o seu próprio
método de jogo, tentando individualizar-se e praticamente em praticamente todas
as áreas na sua forma de jogar. Star Ocean: The Second Story não é excepção
Aqui a evolução das personagens distingue-se pela atribuição de Skill Points.
Quanto mais truques usar-mos mais Skill Points iremos ganhar e por consequente
mais conseguimos especializar uma personagem
numa tarefa. Existem várias skills que podemos evoluir, e a partir de um
determinado conjunto de skills a evoluir criarmos uma habilidade (por exemplo;
kitchen, good eye,… irão criar habilidade cooking). E um conjunto de
habilidades adquiridas irão dar origem a um super habilidade, percebem a extensão que isto tem? E de facto dá imenso jeito e muito gozo explorarmos esta
ferramenta em Star Ocean porque permite além de criarmos os nossos próprios
itens, desvendar segredos que nos ajudarão na nossa viagem.
Som: Já falei anteriormente do voice acting, mas o que não
disse foi onde ele era essencialmente utilizado. Uma razão pela qual não é
comum apostarem nisso, é pelo espaço que os ficheiros ocupam. A maioria dos
RPG tende em dispensar esse espaço para outras vertentes, mas na verdade a Tri
Ace fez muito bem em não seguir as tendências. Apesar do voice acting estar
apenas presente em alguns segmentos de história e nos combates dá outra
dinâmica e expectativa ao jogo. Principalmente nos combates, onde quebram
qualquer tipo de monotonia existente, com as frases ditas durante os combates.
Algumas bastante caricatas. Acompanhando todo o jogo também temos uma excelente
banda sonora muito ao estilo de Final Fantasy, mas sem conseguir chegar a tão
alto patamar. A banda sonora sem conseguir brilhar deixa os jogadores relaxado
e entretidos, mas penso faltar-lhe a agitação necessária nos tempos certos,
sobretudo nas partes onde se o argumento se desenrola mais. Por muito
interessante que o jogo seja devido às qualidades óbvias ao final de algumas
horas de jogo seguidas começamos a ficar fartos de estar a jogar. É claro que
no dia a seguir ficamos arrependidíssimos por ter tido este pensamento e
voltamos para jogar.
Longevidade: Um das principais característica destes jogos é
a sua duração. Raro é o RPG (e principalmente JRPG) que dure menos de 40 horas
de jogo. Isso acontece muito devido à evolução das personagens, que necessita
de treino e o grande volume de tempo é perdido nos combates. Aqui Star Ocean:
The Second Story, ganha a batalha pelo excelente sistema de batalhas. Mas o que
realmente faz os jogadores avançarem é essencialmente o argumento da história.
Essa é a peça fundamental dos RPG’s e é por isso que Final Fantasy é tão bem
sucedido (e foi por isso que dei um 5 a Saga Frontier e não um 8 ou 9, que podia muito bem tê-lo merecido). No caso
de Star Ocean é complicado. A Tri Ace teve o bom senso de utilizar um argumento
universal de fácil percepção (muitos RPG’s excelentes no Japão as vezes nem saem de lá devido à sua linguagem de jogo ser tão vocacionada para a cultura
oriental) que permitiu que o jogo chegasse à Europa e EUA. Mesmo assim o seu
argumento é previsível, o que não quer dizer que seja mau, possuindo até alguns
pontos de interesse. Para lá do meio do jogo chega a ter umas viragens
interessantes, mas um bocado mal exploradas.
A sorte é que existem 12 personagens (onde apenas poderemos
escolher 8), cada uma com a sua side Story e com influência nos 80 finais
existente (!!! OITENTA CARAGO!!!). Não 80 derradeiros finais. Apenas pequenos
finais alternativos aparte, que não influenciam directamente a história. Mas o
ponto interessante nisto é que esse finais são influenciados devido a outra
ferramenta existente em Star Ocean que são as Private Actions. Esta ferramenta
é accionada sempre que voltamos a um local por onde já passámos. Se carregarmos
no botão assinalado (pré-definido como quadrado, por é-nos possível fazer
alterações nos comandos) isso vai dar a uma sequência em que cada personagem se
afasta e vai dar uma volta. Depois ficamos sozinhos com a nossa personagem
(seja o Claude ou a Rena) e vagueamos pela cidade onde podemos interagir com o
resto da equipa. Essas interacções vão influenciar os affinity points que
depois terá o seu peso nos finais alternativos.
Não é que isto seja essencial para rejogarmos os jogo (até
porque ninguém joga um jogo 80 vezes, mas tem a sua piada e claro que conta
alguma coisa, quando voltamos a pegar no jogo. E é a rejogabilidade que tem
muita força em Star Ocean: The Second Story. É daqueles jogos em que chegamos
ao fim, e temos a certeza que voltamos a pegar, mesmo perdendo horas seguidas
de vida. Primeiro porque nos apercebemos melhor da mecânica do jogo depois de
algumas horas e há sempre o desejo de corrigir esses erros e até porque não é possível jogar com todas as personagens de uma só vez. E na verdade a
experiência acaba por ser muito diferente. Quase parece que pegamos num novo
jogo.
Gostei desta comunicação... tão bom se tanta gente falasse assim.. calado! |
Star Ocean: The Second Story revela-se uma surpresa agradável e um RPG muito interessante com um sistema de batalha único como nunca vi. Este jogo deixa expectante e com vontade de jogar outros títulos da série Star Ocean. Recomendo vivamente este jogo principalmente a quem é fã do género e não o conhece. É sem dúvida uma pérola escondida, visto que passou um pouco ao lado da imprensa de videojogos na altura em que saiu (levou notas razoáveis mas não teve um destaque forte como merecia)
Gráficos: 7.5 (Boa apresentação e agradável mistura entre o
2D e 3D, mas sem ser sublime. As animações Emo começam a cansar ao fim de algum
tempo)
Jogabilidade: 9.5 (Excelente sistema de combate mesmo que
com as suas falhas, e Skills Points que dão uma profundidade ao jogo como nunca
vi num RPG)
Som: 8.0 (Muito bom aproveitamento da vozes nos combates,
pena a banda sonora não estar ao mesmo nível)
Nota Final: 8.3 (Um dos melhores RPG’s que tive o prazer de
jogar! As falhas são ligeiras em comparação ao que Star Ocean tem de bom. É uma
vergonha para a Playstation não ter referenciado mais este jogo)
Definitivamente o melhor jogo que ja joguei! creio que devo ter finalizado umas 30 vezes e parece que em todas havia algo de novo, seja equipamentos, personagens, private actions ou as batalhas.
ReplyDeleteRecomendo muito esse jogo, acho que deveria ser obrigatório para formação de qualquer gamer.
Este foi um jogo que tive pena de não pegar nele mais a sério.. já o marquei na lista para voltar a jogar =)
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