Género: Acção 2D
Produtora: DMA Design
Editora: BMG Interactive
Imaginem um homem que toda a sua vida se esforçou por cumprir à risca as normas da sociedade, e as doutrinas do bom comportamento, nunca desrespeitando limites de velocidade, não deixando para a última hora o pagamento de impostos, ajudando sempre as velhinhas a atravessar as passadeiras. Este homem apesar de jogar sempre pelas regras da sociedade teve uma vida medíocre até ao dia em que é premiado com uma lotaria milionária. Como troféu vai buscar um bom carro desportivo, que desfruta com o seu belo prazer na avenida mais bonita da cidade, no seu passeio de domingo. Até que, quando pára num semáforo… um indivíduo de origem leste-europeia lhe abre a porta do carro, pontapeia-o na cara, atira-o para o meio do alcatrão e arranca com o desportivo novinho em folha pela estrada fora…
Quem vos disse que o crime não compensa? Bem-vindos a Liberty
City... Isto é Grand Theft Auto.
GTA como é conhecido, entrou-nos pelos ecrãs a dentro em
1997 por intermédio da DMA Design, que mais tarde viria a ser conhecia como a RockStar. Apesar de ter sido popularizado na geração de 128 bits, este jogo
trouxe sem dúvida um conceito inovador de jogo. Basicamente GTA é um mundo
livre onde podemos fazer o quisermos ignorando toda e qualquer tipo de lei moral,
e onde o crime é a ordem que comanda. GTA não foi o primeiro do género, mas foi
o primeiro que conseguiu atingir patamares de popularidade consideráveis, sendo
apontando posteriormente pelos órgãos de comunicação social como um incitador
de violência nos jovens, juntando-se a Mortal Kombat, Killer Instinct ou Duke Nukem no leque de jogos violentos.
Gráficos: Efectivamente GTA não tem o visual mais
interessante que se possa imaginar. A panorâmica superior da cidade, misturando
um cenário semi-3D, com sprites muito básicos o que torna o jogo visualmente
feio, e pouco cativante para o jogador. Em 97’ a DMA Design não estava ao
alcance de conseguir criar uma cidade muito melhor, ou pelo menos fazer a
cidade em três dimensões, mas são poucos
os argumentos que graficamente possam convencer o jogador, felizmente não foi
essa a razão que o tornou tão conhecido, mas lá irei falar disso mais à frente.
O que efectivamente surpreende é o tamanho das 3 cidades de GTA. O tamanho e a
forma real de como estão construídas nunca dando a sensação repetitiva de
passarmos no mesmo lugar, o que obriga o jogador a conhecer os edifícios e as
ruas de forma a conseguir orientar-se pela cidade. Esse facto constata-se apenas
na recta final antes conseguirmos passar para a próxima fase (caso consigam sobreviver
a isso) em que provavelmente o jogador já consegue construir um mapa mental da
cidade identificando aos poucos a maior parte das avenidas principais, fazendo
as ligações entre estas chegando a pontos de referência importantes como
garagens de pintura de carros. As cidades entre si, conseguem diferenciar-se
umas das outras. Isso deve-se também as inspiração das suas congéneres
originais. Liberty City, San Andreas, e Vice City são clones de Nova Iorque,
Los Angeles e Miami respectivamente.
Jogabilidade: Façam da liberdade, o vosso método de jogo. Não
gostam da cor do vosso carro, pintem-no de outra. Não, melhor! Roubem um carro
que se adeqúe mais ao vosso gosto! Têm a policia à perna? Fugir e esconder não
faz parte da vossa postura? Usufruam do vosso arsenal e disparem contra os
bófias. Precisam de assassinar alguém mas ficaram sem balas? Entrem no carro
mais à mão e atropelem… Portanto as limitações são poucas, e as hipóteses são
bastante extensas. Foi exactamente isso que tornou a série GTA numa das mais
bem sucedidas e procuradas de sempre. Mas apesar disso neste primeiro jogo
alguns erros foram cometidos. Antes demais, apesar de podermos fazer o que nos
apetecer, não convém abusar da sorte porque estamos limitados a uma mão cheia
de vidas de início. Num jogo em que é muito fácil morrer, é preciso ter muita
cautela e respeitar os perigos da cidade. Atravessar uma estrada movimentada é
o suficiente para mandar uma vida ao ar (Sigam os conselhos da avozinha: passem
só quando tiver verde para os peões, olhem para os dois lados na passadeira… e
não falem com estranhos!!). Mais ainda o jogo é difícil.. difícil mesmo! Não
hesitem em parar para destruir uma caixa (as caixas de madeira espalhadas pelo
jogo que contêm bónus) pois pode ter um escudo anti-balas, ou uma vida extra.
Estes mimos podem ser essenciais para conseguirem progredir no jogo evitando um
Game-Over.
É provável que de início sintam dificuldades em controlar a
personagem e os carros, mas com alguma habituação será cada vez mais fácil. Mas
uma coisa que nunca é fácil é alvejar um alvo. Às vezes são gastos dezenas de
tiros para acertar em alguém.. e mais frustrante se torna quando esse alguém
tem outra arma e o triplo da nossa pontaria. Raramente utilizei
a pistola e tive sempre de optar pela metralhadora ou o lança-chamas, e não era
falta de jeito (pois, pois.. culpa é sempre dos outros!!). Falando em armas o
arsenal é curto, mas muito honestamente não critico esse facto. GTA não marca
pela quantidade de armas disponíveis mas sim pelo poder destrutivo que cada
arma consegue proporcionar. Pistolas e lança-chamas são boas escolhas para atingir
pessoas a curta distância. Mas se queremos algo mais potente para destruir
veículos optaria pela metralhadora ou então pelo lança-rockets. E ainda existe
uma outra arma escondida em cada cidade. Caso o vosso desejo seja espalhar o
caos, deixando a cidade em estado de emergência, o melhor será optarem pelo
tanque de guerra. Este monstrinho desfaz todo o tipo de carros, lança misseis e
sobrevive a explosões e tiros durante um bom bocado. É sem dúvida o melhor
amigo do terror e da destruição…
Som: A DMA Design esteve muito bem neste parâmetro. Aliás
muito bem mesmo. A sonoridade de GTA dá uma dinâmica muito especial à jogabilidade.
O barulho da cidade está muito bem captado, e reproduzido, tanto que nem sequer
consegui identificar o loop deste som ambiente. Uma das razões porque isto
acontece deve-se ao grau de vício que a jogabilidade proporciona. Outra das
razões é devido à interacção das nossas acções com o ambiente em volta: o som
das sirenes quando a Polícia anda à perna, as pessoas a gritarem quando nos
ouvem a disparar (oh my god, he’s got a gun!), ou a exclamarem quando lhes
fazemos razias com o carros (hey buddy, watch out!), e outras várias reacções
que existem em determinados momentos do jogo. A interactividade com o meio
ambiente é constante, mesmo sem nos apercebermos. Inconscientemente isto
transmite-nos uma agradável sensação de progressão, não nos cansando nem
tornando o jogo repetitivo. Mas ainda nem vos falei do melhor: a rádio. Nem
imagino o trabalho que deu criar esta linha de rádio de GTA. Não sei ao certo
quanto tempo de rádio existe, mas o que sei é que tive o jogo todo sem me
fartar ou aborrecer com isso. Não é a qualidade as musicas nem nada que se
pareça. É mais uma vez a dinâmica e que a rádio dá ao jogo. Entre musicas,
existem anúncios parvos com sentido de humor negro, talkshows, notícias, e vários jingles e genéricos de rádio. Além disso cada vez que entramos num
carro, esse carro estará sintonizado numa faixa diferente. Se entrarmos num
Bobcat provavelmente iremos ouvir musica Country, ou então se entramos num
carro desportivo a rádio estará a passar tecno, se formos para uma carrinha
Pão-de-Forma iremos ouvir um rock progressivo dos anos 70’… se entramos no
carro da Polícia.. vamos ouvir as comunicações de rádio deles, a passar
informação dos crimes a ocorrem na
cidade (provavelmente seremos nós o protagonista principal dessa rádio). Não
tenho nada mais a acrescentar senão frisar a genialidade da DMA Design quando
ao ambiente sonoro que proporciona ao jogador em Grand Theft Auto.
Longevidade: Existem no jogo 3 cidades. Mas calma, são 3
cidades gigantes. Cada uma delas com características próprias e dezenas de
segredos. Em cada cidade que passamos, o jogador terá de ultrapassar duas
fases. Cada fase contêm diferentes missões, sub-missiões, e secrets espalhados
em diferentes localizações. Quando falo em segredos ou sub-missões, falo nos
famosos Kill Frenzy ,que consistem em destruir ou matar de uma forma a atingir
determinado valor em danos à cidade. Esse valor que vamos acumulando ao longo
de casa fase, é essencial para conseguirmos progredir até à próxima fase do
jogo, ou até à próxima cidade. Além disso também podemos gastar no jogo em
camuflar o carro para despistarmos a policia ou então para armadilhar o carro
com explosivos, caso queiram uma tarde romântica com fogo de artificio ou um
churrasco com amigos. As várias missões que existem não são obrigatórias e case
falhem, é possível voltar a repeti-las ou até mesmo mudar de missão. Ou então
desfrutem da cidade e têm todo o à-vontade para espalhar o medo pelos
habitante.. é um mundo livre!
Escolham a vossa personagem: Kivlov, Bubba, Travis, Troy -
nenhum deles com cara de menino de coro da igreja – e iniciem no mundo do
crime a partir de Liberty City. Vão ter com certeza horas e horas de jogo pela
frente. GTA é um jogo para se ir jogando e descomprimir depois de um dia de
trabalho a ouvir o patrão a buzinar-nos
aos ouvidos. Preparados para entrar noutro nível?
Gráficos: 5.5 (Feios e desactualizados. O que compensa mesmo
é a diversificação das cidades)
Jogabilidade: 8.0 (Viciante e inovadora. A experiência de
liberdade só é estragada pela maleabilidade reduzida dos controlos.)
Som: 9.0 (Fechem os
olhos e disparem.. Oiçam os gritos das pessoas a vossa volta… Sim, vocês
controlam o caos e o terror)
Longevidade: 9.0 (Liberty City é gigante.. tal como San
Andreas e Vice City… Têm um mundo por explorar à vossa espera)
Nota Final: 8.0 (Esqueçam as limitações gráficas de
GTA, e têm à vossa frente um jogo de uma
qualidade brutal. Este foi o inicio do capitulo de uma das mais bem sucedidas
séries de jogos de sempre. Recomendado!)
Kiiiiiiilllllll Frenzy!
ReplyDeleteApesar de hoje em dia não ser grande apreciador deste tipo de jogos, o GTA original não deixa de ter sido bastante influente para a indústria. Muito joguei eu este jogo no PC há uns bons anos atrás.