Género: RTS
Produtora: Westwood Studios
Editora: Virgin
Aha! Finalmente tenho o prazer de estrear mais uma nova
secção de géneros! Até aos dias de hoje agora a lista que sigo religiosamente
ainda não me tinha trazido nenhum jogo de estratégia. E coincidência das
coincidências, combinado não dava melhor! Trago-vos então para o Game-Chest o
clássico Command & Conquer da Westwood! Este RTS (Real Time Strategy)
põe-nos a comandar tropas militares por mapas cobertos de zonas escuras que
temos de explorar afim de descobrirmos as bases inimigas.
Command & Conquer trata um cenário fictício pré-3ª Guerra
mundial, onde um maluco Leste-Europeu cria um grupo terrorista denominado como
Brotherhood of NOD de forma a conseguir um novo estado e ordem mundial. A UN, a
fim de evitar outro holocausto cria uma unidade defensiva com o objectivo de
conter e desmantelar este grupo (os GDI). Pelo meio, o planeta Terra é
“invadido” por um organismo chamado Tiberium que cria uma que dá minerais
valiosos. Estes acabam por ser usados como moeda de troca para a compra de
equipamento de guerra por ambas as partes… Então o Songoku chega, faz um
Kaméhamé e mata os maus todos..!! (Naaaahh,
nada disso… mas este argumento estava a ficar sério demais!)
A versão que escolhi para jogar foi, obviamente, a da PSX (George
Clooney: Playstation, What else?), que surgiu na altura do re-lançamento de
Command & Conquer para as consolas. Como era natural na época, uma boa
parte dos ports do PC para as consolas chegavam cheios de mazelas, a andar de
moletas, e com ligaduras na cabeça.. Os computadores na altura eram máquinas
bem superiores e em constante actualização, portanto ostentavam uma capacidade
muito superior nos vários sectores, inferiorizando os ports das consolas. C&C
não foi excepção, e na minha humilde opinião foi um jogo que não foi totalmente
feliz, mas ainda assim foi um port que trouxe coisas boas para a consola.
Estávamos no início de 1996 e estes ports eram bem vindos à
consola, pois a Playstation carecia de títulos de qualidade que justificassem a
sua compra, e o sucesso de C&C tinha sido inquestionável. Se formos justos
se calhar o jogo valeu muito mais pela escassez de jogos do que pela sua
qualidade, mas efectivamente isso é dado válido na cotação. O jogo tem uma
apresentação suave, com texturas bonitas, mas com pouca definição. As animações
têm muito grão, e são demasiado distorcidas na maior parte dos momentos. A
pixelização era natural por esta altura, mas em C&C achei-a demasiado
forte.
Ao final de algum tempo tinha mesmo de descansar a vista durante um par
de horas. Isto acontece para que seja possível processar as várias acções
necessárias ao mesmo tempo, mas na Playstation isso deixou a desejar se
tivermos em conta a quantidade de Lag (um abrandamento na imagem de jogo) que
existe num ataque em grande escala. Em compensação as cenas CGI entre as missões
estão bastante boas para a altura, além de que nos colocam inteiramente na
situação. Isto faz com o jogador faça arte da guerra vibre com as vitórias, e
sofra com as derrotas! Além disso a Westwood teve outra atitude inteligente.. A
historia é feita com excertos cinematográficos com actores reais, e não apenas
cenas de computador, e esse factor dá um aspecto muito mais realista a todo o
jogo. E isto para quê? Para trazer um público muito mais velho aos jogos. Com
C&C passava a acontecer homens com 30/40 anos a jogar videojogos e a
comprar consolas para jogar este RTS.
Não foi apenas as sequências cinematográficas que foram
direccionadas para um público mais velho. Todo o jogo em em sim foi
direccionado a um público mais velho. É necessária muita estratégia e comando
para ser bem sucedido no jogo. As ferramentas que nos dão são mais que muitas!
E existem 2 CD’s cada um com missões diferentes respectivos a cada força de
combate: Os NOD e os GDI (os maus e o bons). Ao desenrolar das missões vão-nos
dando, passo-a-passo cada vez mais opções de construção de edifícios e de
armamento. Cada lado terá disponível um arsenal distinto de cada um pelo que a
experiência de jogo nas missões de cada CD será ligeiramente diferente. A
estratégia, essa sim é que terá de ser constante, e como é habitual vamos ter
de aprender com os nossos erros, o que significará a morte de muitos soldados!
Mas a Westwood já tinha bastante experiência neste género de
jogos, visto ter sido a principal responsável pela popularização do género com
o jogo Dune II. A receita em C&C não foi muito diferente. Existe um mapa
escuro que vai sendo desvendado à medida que avançamos com as tropas. Existe
também um veículo que se transforma numa base, que após se instalar no terreno
pede-nos que construamos uma central eléctrica a partir daí, surgem várias
opções de construção que vão desbloquear outras num sistema de ramificações.
Existem 3 unidades de combate – Soldados, Veículos terrestres e aéreos – à nossa
disposição. Cada uma delas tem uma função especifica que fará parte da
estratégia de cada um, utiliza-la como bem entendermos. Não vale a pena formar
um exercito apenas de tanques, porque facilmente serão destruídos por bazookas
e linhas de lança-rockets. Nem vale a pena atacarmos uma base inimiga rodeada
de sistemas de defesa, senão são aniquilados logo à entrada sem sequer tocar na
chicha. Existem também edifícios tecnológicos que permitiram utilizar ferramentas
mais avançadas no ataque ao adversário, mas tudo isto terá um custo, e levará o
seu tempo… Tempo que também é nosso inimigo pois antes de conseguirmos adquirir
todos esses itens preciosos, já fomos atacados diversas vezes. Portanto não é
tão fácil quanto possa parecer. E é também aí que entram alguns problemas.
Nop.. Não estava a gozar |
A adaptação ao comando da Sony não foi feliz. Não tenho
queixas quanto a funcionalidade dos menus, nem das ordem de comando ou dos
timings da reacção às ordens dadas. Mas a movimentação do cursor, isso sim trás
problemas. E dos graves! Uma coisa excelente a Sony fez na sua consola foi o
lançamento de vários periféricos nomeadamente um rato de PC para jogos onde
fosse mais pratico jogar com ele, nomeadamente este tipo de jogos. Infelizmente
a Westwood não fez questão de lançar qualquer tipo de compatibilidade com este
periférico (erro que veio a rectificar com o sucessor Command And Conquer: Red Alert). E os botões direccionais
simplesmente não encaixam na dinâmica de jogo de C&C. Este tipo de jogos
foram feitos para jogar com Ratos, que proporciona muito mais destreza
direccional muito mais precisa. O que me aconteceu muitas vezes foi que era
rara a missão em que não cometia um erro de selecção, ou desseleccionava sem
querer um batalhão durante um ataque (que me fazia perder unidades de forma estúpida) ou então entrava numa guerra (noutra paralela à do jogo) entre mim e
o comando para seleccionar um determinado veículo ou soldado, para concretizar
uma função específica.. entretanto percebi que o problema não era meu mas sim
da cabeça partida que veio com a portabilidade do jogo.
Mas o jogo em também tem falhas. Muitas vezes durante os
ataques eu dizia assim aos meus soldados:
Uns seguiam esse trajecto mas outro decidiam por magia (sim,
porque um jogo não pode ter vontade própria) não responder. O resultado era algo do género:
E pelo meio desta falha de comunicação perdia uns tanques
pelo meio e não conseguia completar o objectivo. Nunca entendi muito bem o
porquê disto visto que até tomavam o caminho mais longo para chegar ao
objectivo.
A acompanhar-nos durante toda esta adrenalina da guerra está
uma banda sonora espectacular como se vê em poucos jogos! As faixas criadas
pelo departamento sonoro da Westwood além de terem dado pontos positivos ao
jogo, marcaram o próprio jogo! Esta linha de som viria a caracterizar a série
nos jogos seguintes, e era muito à frente do seu tempo. Os efeitos sonoros
foram copiados da série Dune (ou pelo menos a parte da série feita pela
Westwood visto que o primeiro Dune foi feito pela Cryo). A musica electrónica era um
misto entre o tecno e o rock, e ajudavam bastante a manter o interesse pelo
jogo. Este tipo de jogos são bastante solitários (a imagem que tenho sempre é a
de um homem sozinho em frente a um computador cheio de cigarros e aperitivos
espalhados pela secretária, a jogar no escuro só com a luz do ecrã) na medida
que é necessária concentração e espaço de raciocínio para progredir no jogo.
Portanto este género de trilha sonora fazia todo o sentido, até porque ajuda o
jogar a descomprimir, e desfrutar do jogo como forma de entretenimento (sim
porque de certeza que se vão passar com o jogo durante as missões). Missões
essas que são muitas!
Juntando os 2 CD’s são cerca de 40 missões entre as
principais e especiais disponíveis. Isto tudo junto dá muitas horas de Command
& Conquer. Ainda que existam missões variadas a determinada altura não
deixa de haver um trago de repetição. Os objectivos não variam assim tanto, e os
mapas são sempre os mesmos. Além de que o dinheiro parece sempre demasiado
limitado com poucas zonas de extracção de Tiberium. Em cada nível existe sempre
uma caixa escondida com um bónus em saldo mas no ataque final via-me obrigado a
vender a maior parte dos edifícios de modo a conseguir um exercito convincente
para destruir a base inimiga. Quando se troca de CD a vontade rejuvenesce mas
mais rapidamente volta a entrar neste limbo aborrecido. Mais opções de construção ou mais dinheiro disponível (mais dinheiro queríamos todos nós!) penso que seriam suficientes para
tornar as missões mais interessantes. Se bem que existem os batotas para
aumentar o saldo, mas não é a mesma coisa.
Resumidamente Command & Conquer é um jogo razoável mas com muitas falhas. Principalmente falhas de portabilidade. Foi um jogo pensado e estruturado para PC e a versão da PSX deveria de ter sido alvo de mais atenção. Mesmo o progresso é feito apenas com passwords, não sendo possível utilizar o Memory Card. Menos mal que o lançamento ainda foi feito numa fase prematura da consola e havia mais jogos a sofrer do mesmo síndroma. Ainda assim aconselho-o a quem se queira iniciar nos RTS’s. A base de qualquer RTS encontra-se aqui em Command & Conquer, mas se vos for possível, joguem a versão PC em que de certeza tirarão melhor proveito
Gráficos: 6.0 (dou o desconto por serem de 1996, mas o lag
por vezes é demasiado)
Jogabilidade: 6.5 ( Apesar das críticas a experiência é
minimamente agradável mas sem duvida que a compatibilidade com o Rato
subiria-lhe um par de pontos)
Som: 8.0 (Se existe alguma coisa realmente boa e
característica neste jogo é a banda sonora!)
Longevidade: 7.0 (apesar de repetitivo é uma boa
experiência, principalmente para os fãs do género. Vale a pena voltar a jogar)
Nota Final: 6.5 (Command & Conquer é o resultado de um
excelente jogo com uma péssima portabilidade! Talvez a pressa em lançar o jogo
tenha sido mais importante que lança-lo em condições, mas na verdade ainda
consegue ser um jogo minimamente decente e aceitável.. que o próximo seja melhor e venha sem ligaduras..)
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