Deixa-me lá ver se encontro...

23.6.13

Command & Conquer

Data de Lançamento: 12/01/1996
Género: RTS
Produtora: Westwood Studios
Editora: Virgin









Aha! Finalmente tenho o prazer de estrear mais uma nova secção de géneros! Até aos dias de hoje agora a lista que sigo religiosamente ainda não me tinha trazido nenhum jogo de estratégia. E coincidência das coincidências, combinado não dava melhor! Trago-vos então para o Game-Chest o clássico Command & Conquer da Westwood! Este RTS (Real Time Strategy) põe-nos a comandar tropas militares por mapas cobertos de zonas escuras que temos de explorar afim de descobrirmos as bases inimigas.

Command & Conquer trata um cenário fictício pré-3ª Guerra mundial, onde um maluco Leste-Europeu cria um grupo terrorista denominado como Brotherhood of NOD de forma a conseguir um novo estado e ordem mundial. A UN, a fim de evitar outro holocausto cria uma unidade defensiva com o objectivo de conter e desmantelar este grupo (os GDI). Pelo meio, o planeta Terra é “invadido” por um organismo chamado Tiberium que cria uma que dá minerais valiosos. Estes acabam por ser usados como moeda de troca para a compra de equipamento de guerra por ambas as partes… Então o Songoku chega, faz um Kaméhamé e mata os maus todos..!!  (Naaaahh, nada disso… mas este argumento estava a ficar sério demais!)

A versão que escolhi para jogar foi, obviamente, a da PSX (George Clooney: Playstation, What else?), que surgiu na altura do re-lançamento de Command & Conquer para as consolas. Como era natural na época, uma boa parte dos ports do PC para as consolas chegavam cheios de mazelas, a andar de moletas, e com ligaduras na cabeça.. Os computadores na altura eram máquinas bem superiores e em constante actualização, portanto ostentavam uma capacidade muito superior nos vários sectores,  inferiorizando os ports das consolas. C&C não foi excepção, e na minha humilde opinião foi um jogo que não foi totalmente feliz, mas ainda assim foi um port que trouxe coisas boas para a consola.

Estávamos no início de 1996 e estes ports eram bem vindos à consola, pois a Playstation carecia de títulos de qualidade que justificassem a sua compra, e o sucesso de C&C tinha sido inquestionável. Se formos justos se calhar o jogo valeu muito mais pela escassez de jogos do que pela sua qualidade, mas efectivamente isso é dado válido na cotação. O jogo tem uma apresentação suave, com texturas bonitas, mas com pouca definição. As animações têm muito grão, e são demasiado distorcidas na maior parte dos momentos. A pixelização era natural por esta altura, mas em C&C achei-a demasiado forte. 

Ao final de algum tempo tinha mesmo de descansar a vista durante um par de horas. Isto acontece para que seja possível processar as várias acções necessárias ao mesmo tempo, mas na Playstation isso deixou a desejar se tivermos em conta a quantidade de Lag (um abrandamento na imagem de jogo) que existe num ataque em grande escala. Em compensação as cenas CGI entre as missões estão bastante boas para a altura, além de que nos colocam inteiramente na situação. Isto faz com o jogador faça arte da guerra vibre com as vitórias, e sofra com as derrotas! Além disso a Westwood teve outra atitude inteligente.. A historia é feita com excertos cinematográficos com actores reais, e não apenas cenas de computador, e esse factor dá um aspecto muito mais realista a todo o jogo. E isto para quê? Para trazer um público muito mais velho aos jogos. Com C&C passava a acontecer homens com 30/40 anos a jogar videojogos e a comprar consolas para jogar este RTS.


Não foi apenas as sequências cinematográficas que foram direccionadas para um público mais velho. Todo o jogo em em sim foi direccionado a um público mais velho. É necessária muita estratégia e comando para ser bem sucedido no jogo. As ferramentas que nos dão são mais que muitas! E existem 2 CD’s cada um com missões diferentes respectivos a cada força de combate: Os NOD e os GDI (os maus e o bons). Ao desenrolar das missões vão-nos dando, passo-a-passo cada vez mais opções de construção de edifícios e de armamento. Cada lado terá disponível um arsenal distinto de cada um pelo que a experiência de jogo nas missões de cada CD será ligeiramente diferente. A estratégia, essa sim é que terá de ser constante, e como é habitual vamos ter de aprender com os nossos erros, o que significará a morte de muitos soldados!

Mas a Westwood já tinha bastante experiência neste género de jogos, visto ter sido a principal responsável pela popularização do género com o jogo Dune II. A receita em C&C não foi muito diferente. Existe um mapa escuro que vai sendo desvendado à medida que avançamos com as tropas. Existe também um veículo que se transforma numa base, que após se instalar no terreno pede-nos que construamos uma central eléctrica a partir daí, surgem várias opções de construção que vão desbloquear outras num sistema de ramificações. Existem 3 unidades de combate – Soldados, Veículos terrestres e aéreos – à nossa disposição. Cada uma delas tem uma função especifica que fará parte da estratégia de cada um, utiliza-la como bem entendermos. Não vale a pena formar um exercito apenas de tanques, porque facilmente serão destruídos por bazookas e linhas de lança-rockets. Nem vale a pena atacarmos uma base inimiga rodeada de sistemas de defesa, senão são aniquilados logo à entrada sem sequer tocar na chicha. Existem também edifícios tecnológicos que permitiram utilizar ferramentas mais avançadas no ataque ao adversário, mas tudo isto terá um custo, e levará o seu tempo… Tempo que também é nosso inimigo pois antes de conseguirmos adquirir todos esses itens preciosos, já fomos atacados diversas vezes. Portanto não é tão fácil quanto possa parecer. E é também aí que entram alguns problemas.

Nop.. Não estava a gozar

A adaptação ao comando da Sony não foi feliz. Não tenho queixas quanto a funcionalidade dos menus, nem das ordem de comando ou dos timings da reacção às ordens dadas. Mas a movimentação do cursor, isso sim trás problemas. E dos graves! Uma coisa excelente a Sony fez na sua consola foi o lançamento de vários periféricos nomeadamente um rato de PC para jogos onde fosse mais pratico jogar com ele, nomeadamente este tipo de jogos. Infelizmente a Westwood não fez questão de lançar qualquer tipo de compatibilidade com este periférico (erro que veio a rectificar com o sucessor Command And Conquer: Red Alert). E os botões direccionais simplesmente não encaixam na dinâmica de jogo de C&C. Este tipo de jogos foram feitos para jogar com Ratos, que proporciona muito mais destreza direccional muito mais precisa. O que me aconteceu muitas vezes foi que era rara a missão em que não cometia um erro de selecção, ou desseleccionava sem querer um batalhão durante um ataque (que me fazia perder unidades de forma estúpida) ou então entrava numa guerra (noutra paralela à do jogo) entre mim e o comando para seleccionar um determinado veículo ou soldado, para concretizar uma função específica.. entretanto percebi que o problema não era meu mas sim da cabeça partida que veio com a portabilidade do jogo.
Mas o jogo em também tem falhas. Muitas vezes durante os ataques eu dizia assim aos meus soldados:

Uns seguiam esse trajecto mas outro decidiam por magia (sim, porque um jogo não pode ter vontade própria) não responder. O resultado era algo do género: 


E pelo meio desta falha de comunicação perdia uns tanques pelo meio e não conseguia completar o objectivo. Nunca entendi muito bem o porquê disto visto que até tomavam o caminho mais longo para chegar ao objectivo.

A acompanhar-nos durante toda esta adrenalina da guerra está uma banda sonora espectacular como se vê em poucos jogos! As faixas criadas pelo departamento sonoro da Westwood além de terem dado pontos positivos ao jogo, marcaram o próprio jogo! Esta linha de som viria a caracterizar a série nos jogos seguintes, e era muito à frente do seu tempo. Os efeitos sonoros foram copiados da série Dune (ou pelo menos a parte da série feita pela Westwood visto que o primeiro Dune foi feito pela Cryo). A musica electrónica era um misto entre o tecno e o rock, e ajudavam bastante a manter o interesse pelo jogo. Este tipo de jogos são bastante solitários (a imagem que tenho sempre é a de um homem sozinho em frente a um computador cheio de cigarros e aperitivos espalhados pela secretária, a jogar no escuro só com a luz do ecrã) na medida que é necessária concentração e espaço de raciocínio para progredir no jogo. Portanto este género de trilha sonora fazia todo o sentido, até porque ajuda o jogar a descomprimir, e desfrutar do jogo como forma de entretenimento (sim porque de certeza que se vão passar com o jogo durante as missões). Missões essas que são muitas!

Juntando os 2 CD’s são cerca de 40 missões entre as principais e especiais disponíveis. Isto tudo junto dá muitas horas de Command & Conquer. Ainda que existam missões variadas a determinada altura não deixa de haver um trago de repetição. Os objectivos não variam assim tanto, e os mapas são sempre os mesmos. Além de que o dinheiro parece sempre demasiado limitado com poucas zonas de extracção de Tiberium. Em cada nível existe sempre uma caixa escondida com um bónus em saldo mas no ataque final via-me obrigado a vender a maior parte dos edifícios de modo a conseguir um exercito convincente para destruir a base inimiga. Quando se troca de CD a vontade rejuvenesce mas mais rapidamente volta a entrar neste limbo aborrecido. Mais opções de construção ou mais dinheiro disponível (mais dinheiro queríamos todos nós!) penso que seriam suficientes para tornar as missões mais interessantes. Se bem que existem os batotas para aumentar o saldo, mas não é a mesma coisa.

Resumidamente Command & Conquer é um jogo razoável mas com muitas falhas. Principalmente falhas de portabilidade. Foi um jogo pensado e estruturado para PC e a versão da PSX deveria de ter sido alvo de mais atenção. Mesmo o progresso é feito apenas com passwords, não sendo possível utilizar o Memory Card. Menos mal que o lançamento ainda foi feito numa fase prematura da consola e havia mais jogos a sofrer do mesmo síndroma. Ainda assim aconselho-o a quem se queira iniciar nos RTS’s. A base de qualquer RTS encontra-se aqui em Command & Conquer, mas se vos for possível, joguem a versão PC em que de certeza tirarão melhor proveito




Gráficos: 6.0 (dou o desconto por serem de 1996, mas o lag por vezes é demasiado)

Jogabilidade: 6.5 ( Apesar das críticas a experiência é minimamente agradável  mas sem duvida que a compatibilidade com o Rato subiria-lhe um par de pontos)

Som: 8.0 (Se existe alguma coisa realmente boa e característica neste jogo é a banda sonora!)

Longevidade: 7.0 (apesar de repetitivo é uma boa experiência, principalmente para os fãs do género. Vale a pena voltar a jogar)





Nota Final: 6.5 (Command & Conquer é o resultado de um excelente jogo com uma péssima portabilidade! Talvez a pressa em lançar o jogo tenha sido mais importante que lança-lo em condições, mas na verdade ainda consegue ser um jogo minimamente decente e aceitável.. que o próximo seja melhor e venha sem ligaduras..)


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